Confira a lista da vergonha, com os parlamentares que salvaram Aécio

O mundo dos Corruptos

Na noite desta terça-feira, em sessão no Senado, 44 senadores votaram para manter o mandado de Aécio Neves (PSDB-MG) e anular a sanção do STF que determinava o recolhimento noturno do mineiro; Aécio Neves estava afastado temporariamente do mandato desde 26 de setembro; Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o tucano por corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base em delações premiadas do grupo empresarial J&F.

A salvação do senador Aécio Neves no senado e a previsível salvação do usurpador Michel Temer e seus comparsas na câmara dos deputados é a certidão de casamento do PMDB com o PSDB e principalmente da FIESP que a sociedade já esqueceu como o tal de quem vai pagar o pato.

O filho deste casamento foi o consórcio golpista capitaneado pelo PMDB e pelo PSDB que perpetrou o impeachment fraudulento da Presidente Dilma, com o apoio financeiro da federação das indústrias do estado de SP, golpearão a nossa Carta Magna e a maior parte da sociedade civil que voltaram em um projeto de governo e atualmente estão com o projeto neoliberalista do perdedor golpista, que foi reprovado por 54 milhões de brasileiros.

O golpe para derrubar Dilma foi o pretexto da elite para promover a radical dissolução da nação brasileira e, desse modo, re-conectar o Brasil reacionário com sua dimensão original idealizado pela elite nacional que condena a Nação ao atraso: como um país oligárquico, racista e subordinado.

O Senado deveria ser um exemplo para a sociedade demonstrando sua responsabilidade com os brasileiros mais íntegros e justos, entretanto, atualmente fracassou, não está atendendo as exigências da nação e que se diz o representante do povo. Temos um evidente deslocamento dos políticos em geral com a sociedade civil, um vácuo de representação muito sério no atual cenário político brasileiros.

Fonte Brasil-247/Brasília – Na lista abaixo estão os nomes dos 44 senadores que votaram para manter o mandado de Aécio Neves (PSDB-MG) e anular a sanção do STF que determinava o recolhimento noturno do mineiro.

Aécio Neves estava afastado temporariamente do mandato desde 26 de setembro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o tucano por corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base em delações premiadas do grupo empresarial J&F. Ele foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista.

O voto “sim” mantinha a decisão da Primeira Turma do STF de afastar Aécio, enquanto “não” a derrubava:

Confira abaixo como votaram os senadores na sessão plenária:

Acir Gurgacz (PDT-RO): SIM
Airton Sandoval (PMDB-SP): NÃO
Alvaro Dias (PODE-PR): SIM
Ana Amélia (PP-RS): SIM
Ângela Portela (PDT-RR): SIM
Antonio Anastasia (PSDB-MG): NÃO
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE): SIM
Ataídes Oliveira (PSDB-TO): NÃO
Benedito de Lira (PP-AL): NÃO
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB): NÃO
Cidinho Santos (PR-MT): NÃO
Ciro Nogueira (PP-PI): NÃO
Dalirio Beber (PSDB-SC): NÃO
Dário Berger (PMDB-SC): NÃO
Davi Alcolumbre (DEM-AP): NÃO
Edison Lobão (PMDB-MA): NÃO
Eduardo Amorim (PSDB-SE): NÃO
Eduardo Braga (PMDB-AM): NÃO
Eduardo Lopes (PRB-RJ): NÃO
Elmano Férrer (PMDB-PI): NÃO
Fátima Bezerra (PT-RN): SIM
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE): NÃO
Fernando Collor (PTC-AL): NÃO
Flexa Ribeiro (PSDB-PA):  NÃO
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN): NÃO
Hélio José (Pros-DF): NÃO
Humberto Costa (PT-PE): SIM
Ivo Cassol (PP-RO): NÃO
Jader Barbalho (PMDB-PA): NÃO
João Alberto Souza (PMDB-MA): NÃO
João Capiberibe (PSB-AP): SIM
José Agripino (DEM-RN): NÃO
José Maranhão (PMDB-PB): NÃO
José Medeiros (PSD-MT): SIM
José Pimentel (PT-CE): SIM
José Serra (PSDB-SP): NÃO
Kátia Abreu (PMDB-TO): SIM
Lasier Martins (PSD-RS): SIM
Lídice da Mata (PSB-BA): SIM
Lindbergh Farias (PT-RJ): SIM
Lúcia Vânia (PSB-GO): SIM
Magno Malta (PR-ES): SIM
Maria do Carmo Alves (DEM-SE): NÃO
Marta Suplicy (PMDB-SP): NÃO
Omar Aziz (PSD-AM): NÃO
Otto Alencar (PSD-BA): SIM
Paulo Bauer (PSDB-SC): NÃO
Paulo Paim (PT-RS): SIM
Paulo Rocha (PT-PA): SIM
Pedro Chaves (PSC-MS): NÃO
Raimundo Lira (PMDB-PB): NÃO
Randolfe Rodrigues (REDE-AP): SIM
Regina Sousa (PT-PI):  SIM
Reguffe (S/Partido-DF): SIM
Renan Calheiros (PMDB-AL): NÃO
Roberto Requião (PMDB-PR): SIM
Roberto Rocha (PSB-MA): NÃO
Romário (PODE-RJ): SIM
Romero Jucá (PMDB-RR): NÃO
Ronaldo Caiado (DEM-GO): SIM
Simone Tebet (PMDB-MS): NÃO
Tasso Jereissati (PSDB-CE): NÃO
Telmário Mota (PTB-RR): NÃO
Valdir Raupp (PMDB-RO): NÃO
Vicentinho Alves (PR-TO): NÃO
Waldemir Moka (PMDB-MS): NÃO
Walter Pinheiro (sem partido-BA): SIM
Wellington Fagundes (PR-MT): NÃO
Wilder Morais (PP-GO): NÃO
Zezé Perrella (PMDB-MG): NÃO

Os Senadores que voltaram e decidirão nesta terça-feira 17 derrubar as medidas cautelares impostas pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e, por 44 votos a 26, devolveu o mandato ao tucano. Da mesma forma, foram canceladas as determinações de que Aécio deveria cumprir recolhimento noturno e entregar seu passaporte.

Dos 81 senadores, 71 marcaram presença na sessão, incluindo o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que não vota.

retrata o que restou do senador tucano: um pária, salvo por seus cúmplices, com medo da vida real. Blindado pelos colegas, Aécio não poderá aparecer em público tão cedo. A antiga promessa da direita foi reduzida a um jagunço dedicado a salvar a própria pele, refém de si mesmo.

Escreveu na manhã da terça uma carta quase tão patética quanto a do comparsa Temer, no mesmo tom desesperado, apelando para os baixos instintos dos políticos.A decisão foi apertada. Precisava de 41 votos, teve 44. O líder do PSDB, Paulo Bauer, que alegou uma crise hipertensiva, foi direto do hospital para o Congresso.

Romero Jucá ignorou um atestado médico para participar das articulações ao longo do dia. Na semana passada, foi internado e submetido a uma cirurgia de diverticulite aguda.O líder do DEM, Ronaldo Caiado, apareceu em uma cadeira de rodas depois de fraturar o úmero ao tentar domar uma mula em sua fazenda em Goiás, o animal passa bem.

Veja acima a lista dos que voltaram (Sim) e (Não) guarde bem os nomes para não esquecer na eleição de 2018:

“Não bastara a Aécio dizer ‘muito obrigado’. Temer  e estes que voltaram espera receber sua retribuição na Câmara, no Senado e no executivo  onde tramita a segunda denúncia da Procuradoria contra ele. Aécio já ajudara a organizar o enterro da primeira denúncia. O Planalto espera que auxilie muito mais no segundo velório. Uma mão lava a outra. Mas o resto permanece sujo. O ruído que se ouve ao fundo é o eco do diálogo vadio que Aécio manteve com o delator Joesley Batista”, afirma o jornalista. Na conversa, Aécio negocia R$ 2 milhões em propinas, que foram entregues a seu primo Fred Pacheco, hoje em prisão domiciliar.

“Aécio recebeu 2 milhões de reais do empresário da JBS Joesley Batista que, segundo o Ministério Público Federal, foi entregue como pagamento de propina. A irmã dele, Andrea Neves, e um primo, Frederico Pacheco, chegaram a ser presos por conta desses crimes e hoje cumprem prisão domiciliar. O próprio Aécio foi afastado de suas funções legislativas por 46 dias porque o STF entendeu que ele poderia interferir nas investigações. A Procuradoria pediu a sua prisão, mas o pedido não foi acatado pelo Judiciário. O parlamentar diz que o valor era um empréstimo pessoal e o recurso seria usado para pagar os advogados que o defendem nos sete inquéritos que responde no âmbito da operação Lava Jato”.

O caso de Delcídio, aliás, foi insistentemente relembrado pela minúscula oposição no Senado. “Me parece que há dois tipos de julgamento, um dos que não tem poder político no Senado e outro de que tem poder político”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) ao citar Delcídio e Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), dois senadores que foram cassados por suspeitas de corrupção.

O presidente do colegiado, João Alberto, afirmou que não havia “nada nos autos” capaz de incriminar Aécio e que a pressão de setores da imprensa pelo julgamento dele não deveria ser levado em conta, neste momento. “Temos de respeitar a opinião pública, mas não podíamos continuar abrindo processo para que ele fique sangrando o tempo todo. Temos de respeitar a figura de um bom senador”.

Já Lasier Martins (PSD-RS) afirmou que o Senado agiu com corporativismo ao arquivar a denúncia e que, sem poder julgar o tucano, pesará contra ele uma dúvida de que se o dinheiro que pegou da JBS era legal ou era propina. “Da maneira que ficou, perdura a dúvida. Como o Supremo é extremamente lento, isso vai levar anos. Talvez seja levada até o túmulo, essa dúvida”, ponderou.

Em nota, Aécio disse que a decisão demonstra a inexistência de qualquer “qualquer ato que possa ser interpretado como quebra de decoro parlamentar”. E que ela impediu que o Senado se transformasse em “cenário de disputas políticas menores”.

Responsável pelo golpe que destituiu uma presidente legítima, arrasou a economia brasileira e instalou no poder o governo mais impopular da história, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu ontem, com a nota do PT, que condenava seu afastamento, uma surpreendente boia de salvação de onde menos se esperava; em troca, o Brasil não terá de volta o governo legítimo da presidente Dilma Rousseff nem a garantia de que o ex-presidente Lula estará livre de novas arbitrariedades; e por mais que o PT aponte ter agido em defesa do estado de direito, a leitura da sociedade será outra: a de um acordão para que todos se salvem.

Ao longo desse processo, Aécio firmou uma aliança com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e sabotou o país com suas pautas-bomba e com a política do “quanto pior, melhor”. Afinal, era necessário criar as condições para o golpe.

Como muitos também se lembram, Aécio dizia ter perdido a eleição presidencial para uma “organização criminosa”. No entanto, a verdadeira organização criminosa foi aquela que se instalou no poder. Michel Temer, sócio de Aécio na empreitada golpista, foi denunciado por corrupção, obstrução judicial e por comandar uma quadrilha que teria desviado R$ 567 milhões. Se não bastasse, o próprio Aécio foi pego em flagrante, nos grampos da JBS, negociando propinas de R$ 2 milhões. Nos áudios, ele fala até em matar o primo.

Evidentemente, havia motivos para que Aécio fosse não apenas preso, como também cassado pelo Senado. Nada disso aconteceu, mas, na noite da última terça-feira, por três votos a dois, o Supremo Tribunal Federal impôs penas alternativas ao político mineiro: afastamento do mandato e recolhimento noturno.

Ainda que pequena, diante do estrago causado pelo tucano, essa foi a maior vitória do PT desde o início da empreitada golpista – o líder do golpe, afinal, estava publicamente desmoralizado.

O que faz o PT, no entanto, no dia seguinte? Divulga uma nota em que afirma que Aécio merece o desprezo do povo, mas não pode ser afastado pelo Supremo Tribunal Federal. Alega o partido ter agido em nome da defesa da constituição e do devido processo legal, muito embora diversos juristas não tenham apontado nenhuma agressão constitucional na decisão dos ministros Luis Roberto Barroso, Luiz Fux e Rosa Weber. Até porque Aécio não foi preso. Apenas foi alvo de medidas cautelares alternativas.

Cálculo político desastroso

Independe da questão jurídica, há que se fazer a análise política do caso. O que o PT ganha ao defender seu principal algoz? Um discurso coerente contra eventuais abusos contra o ex-presidente Lula? A proteção a alguns parlamentares contra futuras investidas judiciais? A simpatia de adversários no parlamento? Um muro de contenção contra o general Mourão, que cobrou do Judiciário ações contra determinados “elementos”?

Se foram essas as motivações, a nota do PT não se presta a nenhum desses papeis – até porque foi feita sem que nenhum acordo prévio tivesse sido negociado com tucanos ou peemedebistas.

O resgate de Aécio, agora vitimizado pelo próprio PT, que considerou “esdrúxula” a decisão do STF de afastá-lo, em nada impedirá o avanço do estado de exceção judicial contra o ex-presidente Lula. Também não impedirá nenhuma ação no STF contra parlamentares investigados. E o mais importante é que não será lida pela população como uma defesa da constituição e do estado de direito.

Será, sim, percebida como parte de um acordão – ainda que inexistente – da classe política para que todos consigam se salvar.

O que esperar de Aécio?

Em sua gangorra existencial, um dia depois de defender a manutenção do mandato de Aécio, o PT foi ao conselho de ética e protocolou o pedido de sua cassação – uma batalha que todos já sabem perdida.

As consequências disso tudo tendem a ser dramáticas. No Senado, Aécio continuará articulando pela sobrevida do golpe, ainda que Michel Temer seja aprovado por apenas 3% dos brasileiros, no pior resultado já apontado desde a redemocratização.

E se o ex-presidente Lula vier a ser impedido de concorrer nas próximas eleições presidenciais por uma canetada judicial qualquer, que ninguém espere de Aécio qualquer gesto de solidariedade.

O traço que distingue sua personalidade é e sempre será a hipocrisia.

O tucano foi salvo na noite desta terça-feira 17 por 44 votos a 26 (e 9 ausências). A votação reverteu o afastamento que havia sido imputado pela Primeira Turma do STF, assim como seu recolhimento noturno, após compra de votos dos parlamentares.

Seus aliados, responsáveis por sua salvação, ovacionam o retorno de Aécio ao mandato também sujos de lama.

Aos golpes do oportunismo, do golpismo, da covardia, do sofismo e da falácia argumentativa, a maioria do STF derrubou a estátua da Justiça em praça pública, espatifou-a na frente da nação, rasgou a Constituição e, com ambas, estátua e Constituição, fez uma grande fogueira onde foram queimados os princípios da república, a igualdade perante a lei a punibilidade de políticos criminosos e a decência nacional. Cinco ministros, que não têm compromissos com a Constituição, mas com subserviência aos raposões corruptos do Senado, jogaram a gasolina. Carmen Lúcia acendeu o fogo e ainda jogou uma pá de cal sobre as cinzas, pintando o cinza o que já era cinza num país condenado a ser vítima de si mesmo por ser vítima de uma elite que não tem seriedade, que não tem responsabilidade e que não tem pudor.​

Carmen Lucia Presidenta do STF mostrou não ter condições de presidir um centro acadêmico de uma faculdade de direito. Para desgraça do Brasil, no entanto, preside aquilo que deveria ser a mais alta Corte Constitucional do país, cuja virtude primeira dos seus componentes deveria ser a coragem. A partir da semana passada, o STF, que já havia se curvado aos políticos da Câmara e do Senado no processo da derrubada da presidente Dilma, decidiu, em ato formal, tornar-se um poder subordinado, abrindo mão de ser a Corte que decide em última instância.

A decisão da maioria do STF fere a Constituição e não se trata de engano. Basta comparar os argumentos que os juízes usaram quando do afastamento de Eduardo Cunha e os que usaram na decisão do último dia 12. Fica claro que a maioria da Corte votou em função das conveniências políticas e não do espírito e da letra da Constituição. A OAB deveria analisar se estes cinco juízes, mais a Carmen Lucia, não cometeram crime de responsabilidade. Sob o disfarce do julgamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, o que decidiram foi o caso específico de Aécio Neves entregando ao Senado a prerrogativa de devolver-lhe o mandato. O mesmo Senado que não cumpriu a Constituição quando decidiu não investigar e não julgar Aécio.

O STF criou uma desordem constitucional. Para casos diferentes, mas com a mesma natureza jurídica, aplicou decisões ao sabor das conveniências: uma para Eduardo Cunha, outra para Delcídio do Amaral, uma terceira para Renan Calheiros e uma quarta para Aécio Neves. A sociedade não pode ter fé e respeito a um tribunal que age dessa forma.

Os magistrados deveriam dignificar o honroso cargo que receberam, alguns sem as competências e/ou as virtudes necessárias. Deveriam ser um exemplo para a sociedade e para os futuros juízes. Deveriam pensar em proporcionar biografias relevantes, pois o bom exemplo e a vida correta são os maiores bens que podemos deixar nesta vida. Mas quem não tem dignidade não pensa em biografia.

Um dos fundamentos adotados pela maioria do Supremo sustenta a tese de que somente os representantes podem decidir acerca de um mandato que emana da soberania popular. Para manter uma coerência lógica, as decisões que afetarem vereadores, deputados estaduais e governadores também precisariam de um aval da Casa legislativa correspondente sempre que uma decisão judicial afetar um mandato.

O STF se tornou um dos principais fomentadores da crise institucional. Note-se a absurda argumentação de Dias Tofoli: “O Supremo Tribunal Federal não pode atuar, portanto, como fomentador de tensões constitucionais, o que ao meu ver viria a ocorrer caso se suprimisse do poder Legislativo o legítimo controle político de restrições de natureza processual penal que interferem no livre exercício do mandato parlamentar”.

A argumentação é absurda porque parte de um pressuposto falso: o STF deve julgar segundo a Constituição e não segundo se causa ou não causa tensões constitucionais. Ademais, em nenhum país democrático o Legislativo tem a prerrogativa de fazer o controle político de restrições de natureza processual penal. Mesmo no processo de impeachment de um presidente, o Senado se transforma em tribunal para julgar politicamente, cabendo ao STF julgar a matéria de natureza penal.

A violação da Constituição

Para que uma Constituição seja democrática e republicana precisa fundamentar-se em alguns pressupostos: nenhum poder é ilimitado, nem mesmo a própria Constituição; Estado de Direito significa poder limitado, valendo isto para os três ramos do poder; os três poderes estão submetidos a uma relação de controles mútuos, de pesos e contrapesos, não existindo um poder soberano sem controle a acima dos outros; definidas as funções específicas de cada poder, com ingerências parciais um no outro, cabe ao tribunal constitucional as decisões últimas em matéria penal e no controle da constitucionalidade.

Uma Corte ou um tribunal constitucional são supremos exatamente porque têm a prerrogativa das decisões finais, indicadas no último item acima. Se não for assim, a Constituição deixa de ser republicana e democrática. Foi este atentado, foi este crime contra a Constituição, que a maioria do STF perpetrou. A Corte constitucional tem a faculdade de interpretar o direito em vigor, a Constituição, as leis do Legislativo, com uma autoridade que estabelece uma obrigação constitucional dos outros dois poderes.

A prerrogativa de interpretação de uma Corte constitucional, porém, não é aberta e infinita. Ela tem dois limites: 1) a própria Constituição; 2) os princípios fundantes da Constituição republicana e democrática que não podem ser ultrapassados pelo poder constituinte soberano, por uma Corte Constitucional ou pelo poder que tem a prerrogativa de emenda constitucional – no caso, o Congresso. A maioria do STF violou a Constituição ao permitir que a Câmara e o Senado adquiram funções judiciais e possam tomar decisões finais acerca de atos delituosos de deputados e senadores.

O Brasil vive hoje uma situação insuportável do ponto de vista político, institucional e moral. Do ponto de vista político, o sistema e as instituições estão sem legitimidade e desacreditados junto à sociedade. Do ponto de vista institucional, há um golpe em andamento, um presidente ilegítimo, o Congresso desacreditado com dezenas de políticos denunciados e um STF que viola a Constituição e não faz aquilo que as suas prerrogativas determinam. Do ponto de vista moral, o Brasil é governando por um presidente denunciado duas vezes e por um governo criminoso, que destrói os fundamentos éticos, as condições de futuro do país e afronta a dignidade das pessoas.

O STF precisa responder à sociedade como é possível que o país seja governando por um presidente e por um governo sobre os quais recaem, não acusações vagas, mas provas evidentes de que se trata de entes delinquenciais. Nenhum país do mundo, minimamente sério e democrático, teria um governo que é expressão de inominável indignidade. O STF precisa responder à sociedade como é possível que ministros delinquentes continuam ministros; como é possível que deputados e senadores corruptos continuam em seus cargos.

Deputados e senadores só são invioláveis, civil e penalmente, pelas suas opiniões, palavras e votos, diz a Constituição. Não o são por atos criminosos. Quando cometem crimes, precisam ser punidos na mesma condição dos demais cidadãos. Se não for assim, isto é contra os fundamentos e os princípios da Constituição. Se em algum lugar a Constituição garante proteção a políticos criminosos, isto é contra os fundamentos da Constituição e o STF precisa pronunciar-se e adotar providências. Se não é assim, a nossa Constituição não é nem democrática e nem republicana. É uma Constituição refém de covardes, de sofistas e de corruptos.

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